Ele levou uma escova do tamanho dos dentes, alguns pares de meia, separou seu tenis velho de maior gosto,
os cd's adquiridos tão brevemente, um cortador de unhas...
- Tem algum dinheiro?
Disse ela..
Desprovido de qualquer sarcasmo ele responde:
- Eu tenho 1 Dollar.
E prosseguiu em passar o zíper na mala.
Daqui ouvi dizer ele:
- Pronto! Acabou!
Um tempo antes, sentados os três, ela disse:
- Mas como assim não vamos nos despedir na hora de você ir?
E ele simples e conclusivo instiga um pensamento:
- A ideia de despedida não necessariamente deve ser a do momento em que vou partir, mas sim, ser a do ultimo momento em que vamos passar juntos.
De repente parei no tempo, isolei essa ideia e comecei a refletir, e de fato, fazia total sentido.
É engraçado como formamos cultura das coisas, culpa do nosso apego, por isso pensamos assim. Enfim, nunca nos acostumamos com uma despedida.
Sei que ele me deu um disco do Beatles, e recomendou expresso cuidado!
- Ó, o disco é de 60, original. Olha o encarte! Cuida dele!
De fato, o disco não negava a autenticidade.
Ainda deixou uma ampulheta, um afita VHS do Pink Floyd, lamentando...mas..
Algumas coisas eu coloquei na mala sem que ele visse, claro... Até a foto da mãe.
Sei que o que me admira, é a simplicidade dele, na forma de decidir as coisas, de pensar, do que levar, sem determinados apegos...
Ah, fui me despedir...
Demos um abraço. E...foi meio folgado..
Reclamei!
E então, ele calorosamente, me deu um verdadeiro abraço, cheio de vida e unicidade. Do jeitinho dele mesmo, como não ser...
Lembrei-me então de quando ele chegou, guardou as coisas, pegou o violão, tocou um Chico e disse que o violão ficaria. Que se quisesse levasse pra desempenar o braço.
O ukulelê é claro, ia junto dele!
Ele indo, a gente ficando..
A gente ficou de pés na porta do quarto, vendo aquela arrumação, aquela meia-partida, queríamos só mais um tempo com ele...
Enfim, daqui a pouco, serão 16hs. E então: Partida!
BRISA, Bárbara.
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